ROUPAS PARA DESCARTAR: COMO FAZER DO JEITO CERTO?

Se você já participou dos 30 dias para simplificar a vida sabe que temos alguns dias dedicados à organização do guarda-roupa. Se ainda não conhece o desafio, eu sugiro que comece assistindo ao vídeo no YouTube AQUI ou fazendo o download do ebook que eu criei para facilitar a sua organização AQUI.

O segundo dia foi dedicado às roupas para descarte e conserto e, como esse assunto gera muitas dúvidas, quero aprofundar um pouco mais caso você não saiba exatamente o que fazer com essas roupas, ou o que acontece com elas depois que você descarta.

Vou começar ressaltando o mais importante: o descarte das roupas deve ser a ÚLTIMA alternativa!

Hoje em dia, por causa do fenômeno fast fashion, existe um descarte exagerado de peças de roupa. Para vocês terem uma ideia, um estudo da consultoria McKinsey diz que o consumidor mantém itens de vestuário por metade do tempo de quinze anos atrás e é por isso que nós devemos ser conscientes em relação à toda a cadeia produtiva para entender o nosso papel nisso tudo.

De acordo com o SEBRAE, estima-se que no Brasil são descartados 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano (isso inclui não só roupas prontas, mas também, retalhos e resíduos das confecções). Desse volume todo, 80% vai parar nos aterros sanitários. 

Dependendo do tecido, ele pode demorar meses para se decompor, como é o caso do algodão e outras fibras naturais, ou até centenas de anos, como as fibras sintéticas de poliéster. Sem contar que ao se decompor, esses tecidos contaminam os solos e as águas, e produzem gases de efeito estufa.

Por isso, antes de descartar qualquer roupa, pense bem se não dá pra usá-la de outra forma.

Para te ajudar, seguem algumas dicas úteis:

UPCYCLING: UMA ÓTIMA ALTERNATIVA PARA AS ROUPAS EM BOM ESTADO QUE VOCÊ TEM APEGO

Sabe aquela roupa que você adora e nunca usa, mas tem dó de passar pra frente? Que tal dar uma repaginada nela? É o famoso upcycling: quando você pega uma roupa e dá um “up” reciclando e colocando de volta em uso. Pode ser um patch bordado numa jaqueta jeans, transformando um vestido em camisa, encurtando uma saia longa ou transformando uma calça jeans em shorts e até um moletom em capa de almofada, as possibilidades são infinitas!  

Você consegue encontrar vários vídeos no YouTube com dicas e algumas marcas também oferecem workshops. O upcycling é legal porque além de ajudar a aumentar a vida útil da sua peça, faz ela ser única e exclusiva!  

Para você se inspirar, dá uma olhada nessas marcas que produzem suas roupas usando o upcycling:

  • REROUPA: é um projeto de produção de roupas e ideias que busca trazer mudanças para o sistema produtivo da moda. Eles oferecem oficinas e os itens podem ser encontrados na loja online.
  • COMAS: usa estoques inativos e resíduos industriais como matéria-prima para suas coleções. Eles também oferecem mentoria e workshops.
  • THINK BLUE UPCYCLED AND SLOW FASHION: faz peças com jeans descartado, combinando design e consumo consciente e também oferece workshops.
  • INSECTA SHOES: é uma marca de sapatos e acessórios veganos e ecológicos que usa como matéria-prima resíduos têxteis, roupas usadas, tecidos reciclados e borrachas reaproveitadas.

VENDA

Além de aumentar a vida útil dessas peças você ainda pode gerar uma renda extra! O enjoei é bem prático para quem quer se desapegar. Outra opção é o Repassa, site em que você pode vender suas roupas e tem a opção de apoiar causas com o dinheiro que você ganha. Além disso, eles têm um projeto chamado Re-cycling em parceria com designers e cooperativas em que capacitam mulheres para fazerem upcycling em roupas que não teriam mais condições de uso, causando um impacto sócioambiental super positivo!

DOE AS ROUPAS EM BOM ESTADO

Doar não significa encher muitos sacos de lixo e repassar “para quem precisa”. Muita gente precisa de roupas, mas nem por isso, qualquer coisa serve. Antes de mais nada, é importante entender que pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade têm necessidades específicas e merecem receber roupas em bom estado e limpas.

  • Separe as roupas por categorias: roupas de bebê/criança, mulher, homem, verão, inverno. Se coloque no lugar de quem está recebendo e pense na diferença que faz receber uma sacola organizada e um monte de roupa amassada, suja e socada em um saco de lixo.
  • Leve em consideração quais são as necessidades das pessoas que estão precisando dessas roupas. Elas precisam procurar emprego? Tiveram a casa inundada por uma enchente? Estão passando frio na rua? Não adianta doar vestido de festa para quem perdeu tudo em um incêndio, por exemplo.
  • Antes de doar, pergunte para a pessoa do que ela está precisando e como você poderia ajudar. Não repasse para o outro a responsabilidade de lidar com aquilo que você não quer mais. Doções devem ser úteis para quem recebe.
  • Busque organizações que façam esse trabalho como o Exército da Salvação ou o bazar da Unibes.

REUTILIZE OU RECICLE AS ROUPAS VELHAS, RASGADAS E MANCHADAS

  • Transforme em paninhos para limpar a casa ou fazer enchimento para almofadas.
  • Doe para abrigos de animais. Neste caso, é melhor priorizar peças mais quentinhas como toalhas, agasalhos, roupas de cama.
  • Entregue para reciclagem!

Por falar em reciclagem, reciclar roupas não é simples.

Apesar do Brasil ser o país com a maior cadeia produtiva têxtil completa do Ocidente (de acordo com a ABIT), ainda não temos um processo estruturado de logística reversa e reciclagem de tecidos.

De forma bem resumida, o processo de reciclagem de uma roupa usada consiste em:

1) triagem para se certificar que ela não está contaminada;

2) retirada de seus aviamentos (zíperes, botões, bordados, etc.)

3) separação por cor e composição.

Cada tipo de tecido (natural, sintético, puro ou misto) exige um processo e maquinário específico para a reciclagem.

Tecidos puros, 100% algodão, poliéster ou poliamida, por exemplo, podem ser desfibrados (picotados até voltarem a ser fibras) e transformados novamente em fios ou em plástico. Tecidos mistos (misturas de fibras: poliéster com elastano, por exemplo) podem ser desfibrados e são utilizados como insumo para a indústria automobilística (revestimentos) ou de construção civil (mantas térmicas e acústicas).

Todo o processo logístico e a o da própria reciclagem é muito complexo e, por isso, acaba sendo mais fácil e barato para os fabricantes usarem tecidos de fibras virgens ao invés de recicladas para a confecção de novas roupas.

Se você quiser saber mais sobre como funciona esse processo, o documentário Unravel de apenas 13 minutos mostra a indústria da reciclagem na Índia, onde eles reciclam descarte de roupas de países ocidentais como França, Itália e Estados Unidos. É impressionante o volume de roupas descartadas!

Como você pode destinar as suas roupas de forma correta?

A primeira coisa é entrar em contato com o fabricante para saber se ele faz logística reversa, isto é, recebe de volta as peças usadas para destiná-las de forma correta. Pouquíssimos fazem isso, mas entrar em contato com eles é uma forma de pressionar a indústria a começar a pensar nisso, afinal, é responsabilidade de toda a cadeia destinar os resíduos corretamente.

Outra alternativa é encontrar locais adequados para o descarte pelo eCycle. No site você coloca o que quer descartar (além de roupas, tem outras coisas que a gente nunca sabe o que fazer!), o seu CEP, e você consegue uma lista de locais de coleta perto da sua casa!

E por fim, algumas marcas já têm iniciativas bacanas, como é o caso da C&A com o Movimento Reciclo. Você encontra caixas de coleta em 160 lojas em todo o Brasil, para descartar as roupas que não quiser mais. Mas, existem algumas restrições: as roupas têm que estar limpas, não aceitam roupas íntimas, entre outras regras, por isso, consulte o site para saber mais! As roupas que são entregues passam por uma triagem e àquelas em bom estado são doadas para uma instituição e as que não podem ser reaproveitadas são encaminhadas para reciclagem.

Outra iniciativa parecida é da Renner, com o projeto EcoEstilo. Assim como a C&A, a marca disponibiliza caixas coletoras em suas lojas, faz a triagem das peças, e destina para reutilização, reciclagem ou descarte. Além desse projeto de logística reversa para roupas, a Renner também coleta embalagens e frascos de perfumaria e beleza.

A Puket também tem um projeto muito legal, o Meias do Bem. Sabe aquelas meias furadas que você não sabe o que fazer? É só levar nas lojas e depositar nas caixas de coleta. Essas meias são recicladas e transformadas em cobertores para doação.

A Havaianas também coleta chinelos usados com o projeto ReCICLO, em que urnas estão disponíveis em algumas lojas da marca. Os chinelos são coletados, passam por uma triagem, e aqueles que não podem ser mais usados, são destinados à reciclagem, se transformando em tapetes de borracha para playground e pneus.

E os tecidos e retalhos?

Se você gosta de costurar, faz artesanato, ou por algum motivo tem sobras de tecidos em casa, você pode usar o Banco de Tecido. Você leva seus tecidos, eles são pesados, e você tem um crédito para retirar outros tecidos do banco para usar. Eles têm unidades em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

Espero que esse pequeno resumo seja útil para você e não esqueça de encaminhar para quem precisa dar um destino para as roupas que não usa mais, mas ainda não sabe como fazer de forma correta!

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