Desde 2012 eu venho praticando o desapego, tentando viver uma vida mais minimalista e estudando sobre o assunto. Quando estive no SXSW em 2015, fui a uma palestra que falava sobre como a indústria da moda estava mudando e fiquei sabendo de um documentário que seria lançado naquele ano sobre as consequências do consumo desenfreado e do fast fashion.
Assisti ao documentário assim que ele foi lançado e acho ele obrigatório para quem ama moda, mas também se preocupa com o que está além do próprio umbigo. Ele está disponível na Netflix!
Uma das coisas que mais me chocou enquanto estava assistindo foi uma tragédia que aconteceu em uma fábrica em Bangladesh no dia 24 de abril de 2013. Foram 1.138 trabalhadores mortos, vítimas de uma irresponsabilidade sem limites e outras centenas de feridos.
Como uma espécie de homenagem a esses trabalhadores, nasceu um movimento criado por uma organização sem fins lucrativos chamada Fashion Revolution. Eles entendem que a moda tem uma influência positiva, mas ao mesmo tempo, examinam as práticas da indústria e levantam questões pertinentes sobre ética e sustentabilidade na produção das nossas roupas, mostrando que cada um de nós tem um papel importante nesse processo de mudança.
A parte mais bacana é que eles não apontam o dedo para nenhuma empresa específica ou fazem qualquer tipo de protesto negativo contra marcas e sim, focam em quem está fazendo a diferença trazendo soluções para a indústria e também encorajam o consumidor a ser mais curioso e mais ativo, questionando sempre!
Marcas conscientes
O que eu mais amo na filosofia minimalista é: TER MENOS PARA PODER INVESTIR NO MELHOR. Desde que eu comecei a viver dessa forma eu tenho prestado muita atenção na qualidade, tecido, acabamento e também na ética por trás das roupas que eu uso. Onde elas são feitas, em que condições, por quem?
E, como muitas de vocês sempre me pedem indicação de marcas, fiz uma lista com algumas marcas que eu gosto e consumo e que estão num caminho que eu acredito ser o mais próximo dos meus valores:
Everlane
Eu conheci essa marca em 2015 fazendo uma pesquisa no Google sobre roupas básicas de qualidade. Fiquei impressionada com a proposta deles e com a maneira extremamente transparente e próxima com que eles se comunicam com o consumidor. Você consegue saber todos os detalhes sobre a produção, desde a localização das fábricas até o valor de cada etapa do processo.
As peças são feitas com tecidos nobres, tem um acabamento impecável e um preço justo. As coisas que eu mais amo deles são os cashmeres que são lindos, bons e têm um preço excelente comparado com qualquer outra marca ($100) e as camisas de seda!

Sézane
Eu sou TOTALMENTE APAIXONADA por essa marca francesa. O conceito também é produzir peças bem cortadas, em tecidos nobres por um preço justo. A maioria das roupas são produzidas na Itália, França, Portugal e Espanha e o preço é bem mais em conta comparada a outras marcas com a mesma qualidade. Eles também conseguiram isso concentrando todas as suas vendas pelo site no início, mas expandiram tanto nos últimos anos que criaram lojas físicas que são verdadeiras experiências, além de totalmente instagramáveis.
O que eu mais gosto sobre eles é que as peças são clássicas, mas não totalmente básicas. Eles mudam a cada coleção, mas sempre pensando em peças duráveis e atemporais, sem se preocupar com as tendências.

Cuyana
Essa marca, além de roupas, também faz artigos de couro com uma qualidade incrível e produzidos de forma ética. As peças são lindas e muito bem acabadas. Eu não comprei nada deles, porque não estou precisando, mas estive em uma loja pop-up que eles abriram no SoHo e pude checar de perto a qualidade e caimento das peças. Não vejo a hora de precisar de algo para poder comprar! As bolsas são comparadas a qualquer marca de luxo, mas custam uma fração do preço.

Reformation
Eu também sou apaixonada por essa! Eles desenham e fabricam grande parte das peças em Los Angeles. As demais, são produzidas por parceiros nos EUA ou no exterior usando métodos e materiais sustentáveis. Eles usam tecidos reciclados, roupas vintage e também incorporam as melhores práticas em toda a cadeia de suprimentos para que causem uma fração do impacto ambiental da moda convencional.
No site você pode ver as emissões de carbono e quantidade de água utilizada para produzir cada peça que você está comprando. Eu tenho algumas peças deles que eu amo demais. Além de lindo, ele veste muito bem e estão impecáveis depois de anos de uso.

Patagônia
Uma das primeiras empresas a levantar essa bandeira de sustentabilidade e de uma produção mais consciente do ponto de vista dos materiais e também da mão de obra. Todas as informações sobre os fornecedores e os materiais estão no site com total transparência e eles criaram um programa de manutenção vitalícia das peças chamado “Melhor Do Que Novo” e fazem quantos reparos forem necessários para que você não precise comprar uma peça nova.
Para finalizar, queria deixar claro que eu não sou radical e sou contra qualquer tipo de radicalismo. Mas também acho que podemos ser mais conscientes em relação ao que consumimos e, sempre que possível, fazer nossa parte para que possamos viver em um mundo mais justo.
Marcas sustentáveis nem sempre são baratas, mas geralmente seus produtos são atemporais, tem uma qualidade melhor e duram mais. Eu entendo que a grande maioria das pessoas ainda não pode investir tanto dinheiro em uma única peça e precisam comprar suas roupas em lojas mais acessíveis como as fast fashion e não existe problema nenhum nisso. O importante é sempre comprar com consciência e por necessidade e não porque é tendência ou está baratinho.
A filosofia minimalista nada mais é do que uma mudança de mentalidade e isso não significa apenas trocar as marcas de roupas que usamos, até porque, se continuarmos consumindo em excesso, mesmo que de marcas sustentáveis ou até brechós, também não estaremos contribuindo de forma positiva.
Sei que muitas de vocês vão sentir falta de marcas brasileiras nessa lista. Infelizmente, eu comecei a me interessar por esse assunto quando me mudei do Brasil e, embora eu conheça algumas marcas, não posso dizer com propriedade sem nunca ter visto ou usado uma peça. Da mesma forma que tenho uma lista enorme de marcas americanas e européias, mas porque não conheço tão bem, não coloquei elas aqui porque não gosto de recomendar produtos que não testei pessoalmente. Quem sabe quando eu for ao Brasil eu possa aprender um pouco mais e compartilhar com vocês!