O terceiro post sobre o projeto Fê-liz com a vida é sobre uma das coisas que eu mais tenho falado desde que tomei essa decisão: o DESAPEGO. Quando eu falo em desapego, me refiro sempre a coisas materiais, pois as pessoas farão parte da minha vida onde quer que eu esteja.
Quem me conhece sabe que eu amo moda. Está entre as coisas sobre as quais eu mais adoro ler, pesquisar e entender. Eu tenho uma amiga que sempre brinca comigo dizendo que eu sou um catálogo ambulante, já que sempre sei de que coleção e marca é uma determinada estampa ou até mesmo o preço que custa qualquer coisa. Louca, né? Eu sei!
Justamente por isso, eu era uma compradora compulsiva. E, como todo compulsivo eu tive de fazer um tratamento de choque para conseguir parar de comprar.
Parei de assinar todas as revistas de moda, ler blogs, não abria os catálogos das lojas que recebia em casa e ignorava sumariamente todas as liquidações. Também bani da minha vida os passeios ao shopping. Foi radical mas, é como fazer uma dieta, você sofre no começo e quando que vê o benefício fica mais fácil manter.
Além de parar de comprar, aproveitei que estava me mudando para viver com o meu namorado e levei para a casa nova apenas um terço de tudo o que eu tinha. Tudo o que eu não usava com uma frequência considerável, foi deixado na casa da minha mãe. Não demorou muito para eu chegar à conclusão de que, não só o que eu deixei de comprar, mas também nada do que ficou para trás me fez a menor falta.
“Há muito mais coisas boas à frente do que quaisquer outras que tenhamos deixado para trás.”
– C.S. Lewis
Praticar o desapego nunca foi um problema para mim, só que, quando você se vê tendo que colocar uma vida inteira dentro de apenas uma mala, aí o bicho pega.
Por isso, a primeira coisa que eu fiz foi colocar tudo o que não caberia na mala e ainda estava novo à venda. Dá pena? MUITA, mas ver todo mundo feliz e vestindo as coisas que tinham comprado antes mesmo de irem embora do bazar foi muito mais legal e gratificante do que o apertinho no coração por ter de se livrar de tudo. O que não foi vendido, foi guardado ou doado, o que também faz a gente se sentir bem pra caramba.
A segunda coisa foi escolher o que vai dentro da bendita mala, peças mais funcionais que vão servir para todas as estações e ocasiões do ano, já que minha intenção não é tirar um ano sabático e sim fazer disso o meu estilo de vida.
Confesso que foi bem difícil chegar a um acordo final em relação a isso uma vez que minha pretensão nunca foi virar hippie ou mochileira. Nada contra quem é assim, mas como eu disse no começo eu amo moda e roupas também são parte da minha identidade.
O mais importante para mim foi entender que este é um processo lento e que eu precisava de tempo para me acostumar com essa nova proposta de vida, pois mudar não é nada fácil.
Um amigo me fez uma pergunta bem interessante que eu quero dividir com vocês: “Que conselho você daria para uma pessoa que pensa em fazer algo como o que você está fazendo agora daqui a um tempo?“.
Acho que a minha resposta serve não só para quem gostaria de fazer a mesma coisa, mas também para aqueles que querem mudar qualquer coisa que não os faça mais feliz com a vida.
Meu conselho foi: “Tente viver do jeito que você acha que a sua vida vai ser depois da mudança, mas antes de mudar efetivamente. Se está com o saco cheio de dirigir no trânsito e não quer mais ter carro, passe a andar de metrô ou taxi antes de vender o carro. Se vai ficar um ano sem trabalhar porque quer viajar, passe a viver na sua cidade com a quantidade de dinheiro que você acha que terá enquanto estiver sem trabalhar. Para criar coragem, as vezes é melhor saber como vai se sentir antes de não ter outra opção.“
Embora eu me considere uma pessoa corajosa, a segurança de saber que você é capaz de viver de um novo jeito faz tudo ficar mais fácil e também faz com que você concentre suas energias no que virá de novo e não lamentando o que você deixou para trás ;).
Não perca o último post da série. Lá eu vou falar um pouco sobre a despedida!