EXISTE FÓRMULA PARA SER FELIZ?

Estudar a felicidade está sendo uma das coisas mais interessantes que eu já fiz. Ler livros e teorias científicas sobre os motivos pelos quais somos felizes, assistir a palestras ou filmes como esse sobre o tema é sempre muito enriquecedor, mas às vezes, uma simples conversa com um amigo ou um email de um leitor pode trazer grandes aprendizados.

Por isso, vou dividir com vocês uma pergunta que uma leitora me enviou e que é recorrente nos emails que eu recebo:

“Olá Fê, sou Fabiane e achei seu site pesquisando pessoas que largaram tudo para viajar pelo mundo e acabei lendo seu artigo sobre porque não largar o emprego para viajar ao mundo. Achei interessante a forma como descreve, pois faz eu e outras pessoas pensarem na ideia de forma muito realista. Sabe, sempre tive a intenção de viajar pelo mundo, de fazer missão, mas antes procurei fazer aquilo que é o padrão de felicidade hoje no mundo, me formar, achar um ótimo emprego e depois um namorado. Um ótimo emprego tenho, a formação finalizei ano passado e namorado não tenho mais (hehe). Me formei em psicologia e esse ano a vontade de viajar voltou ainda mais forte, com a intenção de viver experiências, de conhecer novas culturas e analisar possíveis focos de especialização em psicologia…atender adulto, crianças, casais, grupos? Também sinto que preciso disso para me conhecer melhor, porque sempre tive alguém dizendo qual era o caminho da felicidade, e hoje me questiono, mas como saber se quase nada vivi? Por isso estou aqui hoje entrando em contato com você…para saber sua opinião…Obrigado por dividir suas experiências!!! Abraço!”

Desde que eu tomei a decisão de largar o meu emprego para viajar pelo mundo, eu tenho pesquisado e trocado ideias com pessoas que fizeram o mesmo. Ao longo de 6 meses estudando, hoje eu tenho o meu próprio olhar sobre a felicidade que é:

  1. Não existe resposta certa ou fórmula de sucesso quando o assunto é felicidade, por isso, autoconhecimento é o primeiro passo para uma vida feliz.
  2. Felicidade é como um músculo, é algo que temos de trabalhar diariamente para que seja fortalecido.
  3. Feliz é aquele que consegue lidar com as emoções negativas e aprender com as situações adversas da vida, que são inevitáveis.

Foi partindo desse ponto que eu escrevi o artigo “5 MOTIVOS PELOS QUAIS VOCÊ NÃO DEVE LARGAR O SEU EMPREGO E VIAJAR O MUNDO” que gerou a pergunta da Fabiane. O retorno que recebi dele também foi ótimo para a minha pesquisa, pois eu acredito que diferentes opiniões enriquecem um diálogo.

O que eu mais tenho ouvido por aí é que passamos a nossa vida toda sendo convencidos de que, para ser feliz, tudo o que precisaríamos fazer seria estudar muito, ter boas notas, entrar em uma boa faculdade, ralar como estagiário para conseguir um bom emprego, ser promovido para ter um bom salário, casar, ter filhos e se aposentar para então começar a aproveitar a vida. O que aconteceu foi que muita gente que seguiu esse caminho nos últimos anos percebeu que ele não era suficiente para ter uma vida feliz.

E assim, um outro grupo – ainda pequeno comparado com o anterior – surgiu. Esse novo grupo defende a teoria de que para ser feliz é preciso ser livre, largar tudo, vender todos os seus pertences, colocar uma mochila nas costas e viajar pelo mundo, se possível, fazendo algum tipo de trabalho que te sustente enquanto isso, afinal, ninguém nos dias de hoje precisa se sujeitar a trabalhar para os outros.

Só que, se pararmos para pensar, ambos os grupos estão fazendo a mesma coisa: oferecendo uma possível fórmula para ser feliz.

Em algum momento da história da humanidade, esse modelo que hoje achamos ultrapassado também foi a sacada do século, até que ele se tornou mainstream e um grupo disposto a correr riscos decidiu mudar de direção e testar algo novo. Esse é o ciclo da teoria de difusão da inovação popularizado por um cara chamado Everett Rogers:

FELIZ COM A VIDA_early-adopters

Essa nova versão do American Dream ainda faz parte de uma bolha e não da realidade da maioria das pessoas.

Como acontece com toda tendência, cada vez mais vamos conhecer pessoas testando esse novo modelo e, aqueles que foram os primeiros, provavelmente terão uma nova ideia ou novas opiniões sobre o assunto daqui a alguns anos. Essa é a graça da vida. É assim que a sociedade evolui e precisamos de todos os grupos para que haja equilíbrio e funcione.

Mas, o que responder para alguém que sempre teve o sonho de viajar o mundo?

Eu teria não 5, mas 50 motivos pelos quais uma pessoa deveria viajar. Em um mundo perfeito, meu desejo seria que todos tivessem a oportunidade não só de conhecer, mas de viver um pouquinho em cada um dos lugares que temos nesse planeta.

Viajar nos faz entender a diferença entre viver e não apenas existir, expande a nossa capacidade de nos comunicar além das palavras, nos permite conhecer culturas e lugares que só tínhamos visto em livros de história, filmes ou revistas. Nos mostra o quanto somos pequenos, mas também, o quanto não existe limite para o nosso crescimento e aprendizado. Nos faz rever todos os nossos preconceitos, já que o que parece normal para a gente, certamente vai ser bizarro para alguém em algum lugar e vice-versa.

Mas, parte desses aprendizados acontecem porque quando viajamos, automaticamente nos abrimos para receber o que o mundo tem a nos oferecer. Nos permitimos vivenciar coisas que talvez não nos permitíssemos na nossa vida normal, seja pelo motivo que for. Nos divertimos com os perrengues. Conversamos com estranhos no metrô. Corremos riscos. Fazemos coisas que nunca tivemos coragem antes. Nos reinventamos, afinal, em um lugar onde ninguém nos conhece, podemos ser quem quisermos. Isso nos faz sentir vivos e é por isso que nunca voltamos os mesmos de uma viagem. São atitudes como essas que muitas vezes fazem com que a gente “encontre a felicidade” viajando e não só a viagem em si.

Eu conheci pessoas que decidiram viajar porque estavam deprimidas depois de levarem um pé na bunda e lá encontram um novo amor. E outras, que acabaram só reparando nos casais felizes e no quanto seria melhor se o namorado estivesse lá. Mesmo objetivo, resultados diferentes. O que eu quero dizer é que onde quer que você vá, lá você estará e como tudo na vida, o que funciona para um, pode não funcionar para outro.

Agora, se você sempre teve vontade de viajar pelo mundo, de se colocar à prova, sair da zona de conforto, se abrir para o novo e viver uma infinidade de experiências, oportunidades e possibilidades que só uma viagem proporciona, VÁ EM FRENTE! Compre uma passagem hoje mesmo! Você não tem absolutamente nada a perder, ao contrário, só tem a ganhar, porque até as experiências ruins (caso você tenha alguma) vão ser boas.

Imagens: Fernanda Neute

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