SER ESPECIAL NÃO TE TORNA ESPECIAL

Uma coisa que eu aprendi desde que comecei o blog foi que ao postarmos algo, isso não nos pertence mais no segundo depois que se tornou público.

O conteúdo que encontramos diariamente na internet muitas vezes vira ponte para que as pessoas gerem novas discussões usando aquilo que você escreveu para criar, reforçar ou criticar algo que elas acreditem sobre um determinado assunto. É por isso que eu amo a internet!

A internet atualmente é uma das grandes responsáveis pela geração de conversas, movimentos ou protestos em questão de minutos.

Ela também é responsável pela propagação de absurdos, poluição visual, desrespeito entre as pessoas (já que ninguém acha que precisa ser educado se não estiver cara a cara ao expressar uma opinião) e por uma quantidade inestimável de lixo eletrônico. Na verdade, nem tão inestimável assim.

No vídeo abaixo (um pouco longo e em inglês), o designer Brad Frost aborda o assunto de forma direta e traz informações muito interessantes que nos fazem parar para pensar um pouco sobre a quantidade e, principalmente, sobre a qualidade da informação a que somos submetidos todos os dias e como lidamos com ela.

Se você não quer assistir eu vou te dar apenas alguns dos principais números que ele nos passa sobre o crescimento desenfreado da produção de conteúdo online, principalmente nos últimos anos:

  • Em toda a história da humanidade foram publicados 129.864.888 livros, sendo 10% apenas em 2012.
  • Postamos 40 milhões de fotos no Instagram e 300 milhões de fotos no Facebook todos os dias.
  • São criados diariamente 800 mil sites e quase 500 mil posts são publicados via WordPress.
  • 4 bilhões de coisas são compartilhadas no Facebook todo santo dia.

Ah! Isso tudo considerando que apenas um terço da população mundial têm acesso à internet. Também é fato que esse acesso está ficando cada vez mais rápido e barato, ou seja, dá até medo pensar na quantidade de informação a qual teremos acesso nos próximos anos.

Nunca foi tão fácil produzir conteúdo. Nunca foi tão fácil criar o emprego dos sonhos, viajar o mundo ou ser impactado constantemente pela felicidade de todas as pessoas que vivem uma vida incrível enquanto nós estamos enfurnados nos nossos escritórios, presos no trânsito ou esmagados no metrô.

Vivemos na era da ostentação. As redes sociais viraram vitrines onde todos dividem seus “sucessos” e também nos relembram constantemente sobre os nossos “fracassos”.

Nos sentimos culpados porque temos 30 anos e ainda não temos um apartamento próprio ou um namorado. Porque decidimos fazer cesariana para não sentir dor em vez de ter o filho como uma doula. Por não temos uma barriga chapada ou porque nunca viajamos para fora do Brasil.

Todo mundo hoje em dia quer ser especial de alguma forma e, por isso, acabamos fazendo muitas coisas para nos sentirmos especiais perante a nós mesmos e aos outros.

A verdade é que, em um mundo onde tanta informação é gerada a cada minuto e o acesso a tudo é muito fácil, fica quase impossível ser criativo e totalmente original.

Nada é inédito e por mais que a gente ache que aquilo que estamos fazendo é incrível e talvez ninguém tenha feito antes, não daquele jeito especial que pensamos, provavelmente alguém em algum lugar do mundo já fez.

FELIZ COM A VIDA_re e fe paris

Eu e minha melhor amiga em Paris. Ela morava no Rio, eu em SP e nunca tínhamos visto uma a foto da outra. Mas, o melhor não é o cenário ou a pose, é o cachecol ser da mesma cor!

Isso não é uma crítica, muito pelo contrário! É só uma reflexão de que junto com toda a maravilha que a internet nos proporciona também vem uma dose de ansiedade e uma sensação de inadequação quando nos comparamos, mesmo que inconscientemente, com os outros o tempo todo.

Eu, por exemplo, dei pra me achar velha ultimamente. Toda vez que eu vejo uma foto de alguém com o corpo perfeito, pele perfeita, cabelo perfeito, fico tentando arrumar desculpas para me sentir melhor comigo mesma, tipo: “Ah, ela é mais nova, claro que não vai ter rugas nos olhos. Essa é modelo, vive para isso. Essa malha o dia todo. Essa é rica e tem dinheiro para fazer mil tratamentos.”

Foi quando me dei conta de que isso era ridículo e que minha referência deveria ser eu mesma. Sim, é um fato que eu estou ficando velha e isso faz parte da vida. Nenhuma desculpa que eu inventar vai mudar esse fato e me comparar com os outros só vai me fazer sentir pior.

Isso também me fez parar para pensar no quanto eu me sinto uma pessoa melhor do que eu era há cinco anos e o quanto eu prefiro ter um ou outro cabelo branco e uns pés de galinha, mas ter a paz e a sabedoria para tomar algumas decisões que eu não tinha quando a minha pele era mais firme e eu não me preocupava em ter de arrancar ou tingir os cabelos brancos.

Com tanta coisa acontecendo o tempo todo e com tanta informação disponível, acabamos dando mais importância à aquilo que não temos e julgamos que faria a nossa vida ser diferente ou melhor. Isso pode até ser positivo, pois nos faz querer buscar sempre o melhor, mas tem dia que cansa, né?

Nem todo mundo precisa viajar para ser mais feliz. Nem todo mundo precisa ter ser próprio negócio para ser realizado profissionalmente. Algumas pessoas são felizes com a rotina e com estabilidade e outros são felizes mudando de lugar toda semana. Ninguém é melhor porque escolheu um caminho ou outro e cada um é único e especial do seu jeito.

Ser especial deixa de ser importante quando finalmente entendemos que para sermos especiais não precisamos provar nada para ninguém, nem para nós mesmos.

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